Oficina de Arqueologia Experimental
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Oficina de Arqueologia Experimental
As primeiras três sessões das Oficinas de História decorreram hoje nas instalações da Casa da Cultura Maria Amélia Laranjeira, aqui mesmo em S. Gonçalo, a dois passinhos de distância da Escola EB 2/3 de Amarante.
Assisti à primeira sessão, exemplarmente conduzida pelo arqueólogo Dr Jorge Sampaio, do
Parque Arqueológico do Vale do Côa, que foi conquistando aquela turma aos poucos, à medida que ia recriando antigas técnicas que para ele parecem não ter segredos, que para ele parecem tão simples. Para ele que as domina, bem entendido.
Os miúdos aprenderam ali mesmo como fabricar o fogo, sem uso de isqueiros nem fósforos, nem outras coisas que tais, obtido por choque entre duas pedras ou por fricção entre duas madeiras de diferentes durezas, viram como se fabicava a corda ou a linha a partir dos tendões dos animais, viram o fabrico dos instrumentos líticos em pedra lascada e o seu posterior aperfeiçoamento, puderam ver como os nossos antepassados pintaram mãos nas paredes das grutas e cavernas, em positivo e em negativo, viram como se obtinham as tintas da Natureza, o uso que podia ser dado aos vários instrumentos para cortar, serrar, raspar, furar, viram o uso da primeira máquina inventada pelo homem, o propulsor, em plena acção, viram como se obtinha a cola com que as pontas das setas eram consolidadas à madeira depois de bem unidas com tendões de animais...
Andei a disparar a minha máquina fotográfica, tentando apanhar todos os pormenores. Captei, com os meus olhos, os olhos que se arregalavam de espanto, os pescoços que se esticavam numa tentativa de aproximação daquele arqueólogo que por vezes parecia fazer magia.
No final, o Dr Jorge Sampaio perguntou-lhes se queriam rever algum processo e ouviu-se uma voz entusiasmada - "Todos!" de imediato secundada por outras vozes masculinas e femininas que queriam rever tudo outra vez! E seria bom, seria bom voltar de novo ao princípio...
A actividade a que tive oportunidade de assistir, e que foi a primeira da manhã, cumpriu-se com total êxito e foi plenamente conseguida. As sessões, seis no total, terminarão amanhã à tarde com uma certeza - a actividade repetir-se-á para o próximo ano lectivo, com as novas turmas de sétimo ano de escolaridade... para que os alunos possam ficar com os olhos a brilhar... por causa da História.
Sim, é possível!
Nota - Deixo um agradecimento muito grande à
Drª Rosa Maria Fonseca, nossa inspiradora, pioneira nestes contactos com o Parque Arqueológico do Vale do Côa e por quem tivemos conhecimento desta actividade ligada aos Serviços Educativos daquela instituição; agradeço ao Dr Jorge Sampaio, pessoa da mais primordial importância sem a qual a actividade não se faria de todo; agradeço ao professor Taí o empréstimo das maravilhosas instalações da Casa da Cultura e das Artes Maria Amélia Laranjeira e, por último, à minha companheira de andanças, Drª Irene Sampaio, que organizou tudo a contento da pequenada.
Amanhã há mais.
Anabela Magalhães