Oficinas de Arqueologia Experimental do Paleolítico - 9ºC
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
9ºC - Duas Reflexões Sobre a "Oficina do Paleolítico"
No dia 13 de janeiro de 2014, o Arqueólogo Dr. Jorge Sampaio
deslocou-se de Foz Côa à nossa escola, em Amarante, para termos contacto e
experienciar algumas das atividades utilizadas no Paleolítico Superior para
garantir a sobrevivência de quem viveu aquela época.
Em Foz Côa existem
milhares de gravuras, sendo Património da Humanidade, bem como escavações
arqueológicas, o que significa que o Dr. Jorge Sampaio vinha apetrechado de
informações e instrumentos variados (réplicas).
Os instrumentos
utilizados naquela época eram feitos de osso, madeira e/ou pedra. Através da
percussão direta (uma pedra a bater na outra) obtinham-se lascas que poderiam
ser usadas como utensílios de corte ou serra.
Já as hastes de
veado eram utilizadas para fazer o denticulado das serras de sílex ou para as pontas de lança, juntamente com a
madeira endurecida pelo calor e uma cola feita de resina e de hematite em pó
(esta também era utilizada para produzir tinta). Esta cola era reversível e
poderia ser moldada se reaquecida. As lanças ou azagaias também continham penas, para
proporcionar um movimento aerodinâmico, e cordas para as prender poderiam ser obtidas a
partir de tendões, pele de animais, tripas de animais ou raízes.
Também vimos como
o propulsor, primeira máquina inventada pelo Homem, funciona. Este era curto e com ele as azagaias poderiam atingir uma distância e velocidade duas ou três vezes
superior (até 300 Km/h) a uma azagaia lançada com a mão.
Para cozinhar ou
aquecer água aqueciam-se pedras; as brasas poderiam ser feitas com madeira e
havia uma lamparina feita com tutano e um pavio de ervas secas que iluminava as cavernas.
Curiosamente, usavam o cogumelo casca de cavalo (fungo pavio) para conservar as
brasas.
Com todo o
respeito, o Dr. Jorge Sampaio parecia um autêntico homem das cavernas e tão
cedo não me vou esquecer desta oficina, principalmente por ter tido o privilégio
de ver o meu cabelo ser cortado com uma lasca de sílex.
Gostaria de dar os
parabéns ao Dr. Jorge Sampaio e agradecer a oportunidade à Professora Anabela. Foi uma
experiência muito interessante que não me importaria que se repetisse.
I. M.
No passado dia 13 de janeiro, a nossa turma assistiu a uma Oficina do Paleolítico Experimental, a cargo do arqueólogo Dr. Jorge Sampaio. O Dr. Jorge Sampaio, na fase inicial da sua intervenção, falou-nos sobre o seu trabalho, no Museu de Arqueologia de Foz Côa, onde estudam milhares de gravuras, instrumentos variados e a vida e os vestígios de acampamentos do Homem do Paleolítico Superior.
Explicou que a pedra, os ossos (como a haste de veado é usada para fazer serras) e a madeira eram os materiais mais usados nesta época e que o sílex, pedra bastante dura e de gumes afiados, era muito apreciada, nomeadamente na confeção da pontas de lança mas que, em Foz Côa, apenas existe em 1% enquanto o quartzito em 99%.
Mostrou-nos e explicitou o processo de fabrico de uma lança, desde a sua fase inicial quando a madeira é colocada ao calor para se endireitar e ficar mais resistente; a corda é usada para prender a ponta da lança e os materiais usados no seu fabrico são a pele, os intestinos e tendões de animais, e ainda raízes; a cola, para colar a ponta em pedra ou osso à madeira, era feita com resina de pinheiro e hematite; as penas, na parte superior da lança, têm um efeito aerodinâmico.
O animal fornece materiais para se vestirem, das suas peles fazem-se cabanas. As pedras ajudavam a grelhar e a conservar a carne quando eram aquecidas. A pedra, após sofrer um processo de aquecimento, podia ser utilizada para desidratar a carne, o que a conservava, mas também servia para aquecer água para tomarem banho ou mesmo para fazerem sopa. Para aquecer a pedra, o fogo podia ser fabricado por fricção ou percussão. Por fricção é quando um pau muito seco e mais duro se fricciona noutro de dureza inferior. Por percussão, é quando se bate com uma pedra noutra, libertando faíscas suficientes para formar fogo.
Após esta palestra, agradável e interessante, compreendemos melhor o Homem da Pré-História pois tivemos o privilégio de ter uma demonstração ao vivo e de sentir que viajamos no passado.
Temos de agradecer ao Dr. Jorge Sampaio que trabalha no maior museu ao ar livre. Eu diverti-me imenso e achei bastante interessante. Obrigada professora Anabela por esta oportunidade.
B. S.
Nota - Obrigada pelo teu testemunho, I. M.! Também não me importaria de ver estas oficinas mais uma vez...
Obrigada pelo teu testemunho, B. S.!
As vossas palavras são encorajadoras...ao trabalho!
Anabela Magalhães
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