Oficina de Arqueologia Experimental do Paleolítico
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
A oficina, inscrita no Plano Anual de Actividades do Agrupamento de Escolas de Amarante, e dirigida a todas as turmas do 7º ano de escolaridade que frequentam o referido Agrupamento, decorreu no passado dia 23 e 24 de Novembro e foi, como sempre, um êxito.
Assisti, como não podia deixar de ser, à Oficina de Arqueologia Experimental do Paleolítico dirigida aos meus alunos de 7º ano e, todos juntos, embarcámos numa maravilhosa viagem, conduzidos pelo nosso cicerone, o arqueólogo dr. Jorge Sampaio, do Parque Arqueológico do Côa, que, para além de especialista nestas andanças, é também um velho amigo deste Agrupamento, meu amigo em particular.
A viagem levou-nos à fase final do Paleolítico Superior para acompanharmos a luta pela sobrevivência de um pequeno grupo de caçadores-recoletores. E a recriação desta história desenrolou-se à volta da fundamental arte da caça e da realização das armas necessárias para esta perigosa atividade, nomeadamente de uma azagaia que exigia o talhamento do quartzito e do quartzo, os tipos de rocha de longe mais utilizados pelas populações ancestrais que um dia habitaram a região do Côa, mas de propriedades não tão espetaculares como o magnífico sílex, de dureza, durabilidade e eficácia incomparavelmente superiores e que também foi utilizado, muito embora só marginalmente pelas populações do Côa, já que apenas cerca de 1% dos instrumentos líticos aí encontrados são em sílex; exigia também o afeiçoamento de um pau comprido e fino que servisse de suporte à ponta de lança e ainda a feitura de corda a partir de crinas de cavalos, de tendões ou de peles de animais, de raízes, de cascas de árvore, de tripas de animais e que, por incrível que pareça, davam cordas super resistentes testadas com toda a força pelos alunos; e passámos à feitura da cola a partir de uma mistura de resina e hematite triturada que, sob acção do fogo, misturaram-se e deram origem a uma supercola muito ecológica e reversível, para além de muito eficaz. Por fim, a azagáia necessitava apenas dos estabilizadores, penas de pássaros, pois então!, que permitiam à arma planar em linha reta, eficazmente em direção ao alvo.
Sempre guiados pela mão do nosso magnífico cicerone, o arqueólogo dr. Jorge Sampaio, foi tempo de passarmos ao fabrico do fogo através dos dois métodos usados em tempos paleolíticos - por choque ou percussão de duas pedras e ainda por fricção, usando dois pedaços de madeira de diferentes durezas, a mais macia a que fica fixa e a mais dura a que gira rapidamente sobre a outra - e de falarmos do uso do fogo em fogueiras, nalguns casos enormes, de dois ou três metros de diâmetro, que serviam de grelhadores gigantes. Entretanto os alunos olhavam espantados para a água a ferver à conta de pedras muito quentes deitadas dentro da água guardada numa "panela" de pele... sim, era possível fazer um chá paleolítico... quem diria!
E o dr Jorge Sampaio abordou a arte - como se conseguiam os pigmentos de cor na Natureza para a fabrico das tintas, como se faziam os pincéis, como se pintavam, através de um aerógrafo primitivo, as mãos em negativo nas paredes das grutas, cavernas, abrigos... e nada melhor do que exemplificar... agora, no século XXI, sobre uma folha branca de papel e foi assim que todos os alunos tiveram direito à sua mão pintada em negativo que ficará arquivada no Portefólio de História
Tal como já escrevi num outro post sobre a mesma temática - Dever cumprido! A História quer-se coisa entusiasmante e esta aula, tenho a certeza!, foi entusiasmante.
Obrigada, dr. Jorge Sampaio! Pela ajuda inestimável, pelo entusiasmo, pelo contributo ímpar e pela clareza da aula, tão do agrado de todos os presentes.
Nota - Peço desculpa pelo atraso com que saiu esta postagem... mas a verdade é que o trabalho tem sido descomunal.
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