terça-feira, 30 de abril de 2013

Reconstituição do Percurso das Invasões Francesas em Amarante - 8ºB

Reconstituição do Percurso das Invasões Franceses em Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
 
Reconstituição do Percurso das Invasões Francesas em Amarante - 8ºB

Hoje voltamos ao centro histórico de Amarante para fazermos a reconstituição do percurso das invasões francesas aqui no burgo, acompanhando a drª Teresa Paiva, técnica superior do Museu Amadeo de Souza-Cardoso, entidade com quem, previamente, agendamos a visita de hoje, a primeira de três e que hoje contemplou o meu 8ºB. Será a última saída da escolinha, proporcionada por um acontecimento relevante passado em 1809 e que durou de 18 de abril, data da chegada das tropas francesas à vila de Amarante, a 2 de maio, data da transposição, pelas tropas napoleónicas, da Ponte de Amarante sobre o nosso amado Tâmega.
O tempo ajudou, só choveu durante a noite, e lá fomos nós brindados com tempo frio mas com algumas réstias de sol espreitando de quando em vez por entre as nuvens.
As tropas napoleónicas atacaram Amarante aquando da 2ª Invasão Francesa, comandada pelo marechal Soult que, entrando por Chaves, se dirigiram ao Porto que foi tomado e ocupado e onde se deu o desastroso episódio da Ponte das Barcas, em 29 de março de 1809 onde morreram muitos milhares de portugueses.
As tropas portuguesas que fizeram a heróica defesa de Amarante e defenderam com unhas e dentes a ponte foram ajudadas por militares ingleses e eram compostas por militares, população civil e até eclesiásticos e foi a este "exército", coordenado pelo General Silveira, que coube a difícil tarefa de enfrentar tropas muito mais numerosas e melhor apetrechadas, comandadas pelos generais Loison e Delaborde.
O exército napoleónico chegou vindo da Burgada, entrou em Santa Luzia no dia 18 de Abril e as escaramuças começaram logo ali, pelas imediações do Solar dos Magalhães, uma ruína desde então e hoje aberto propositadamente para nós, com os invasores a provocarem o sucessivo recuo dos resistentes portugueses ajudados pelo valoroso coronel Patrick que acabou ferido mortalmente. No dia 21 de Abril as tropas francesas desalojaram os portugueses do Convento de S. Gonçalo e estes refugiaram-se na margem esquerda do Tâmega, nomeadamente no Calvário de onde avistavam e controlavam as tropas inimigas que tentaram, por vários meios, até através da construção de uma ponte de cavaletes, passar a rio, sempre sem êxito até ao dia 2 de Maio.
O resto da história terá de ficar para depois, para próximo post que acompanhará a minha próxima investida à cidade acompanhada do meu 8ºC.
De referir que a visita englobou a passagem pela sacristia da Igreja de S. Gonçalo tendo acabado no museu onde nos esperava uma maqueta da vila de Amarante ao tempo das invasões que despertou o interesse de todos com os alunos que colocaram várias questões sobre uma Amarante que só em parte subsiste.

De notar que esta visita de estudo ficou ligeiramente prejudicada devido a uma matilha de cães vadios que circula já há tempos livremente pela cidade, já os tenho visto em S. Gonçalo, e que hoje se concentrava nas imediações do Solar dos Magalhães... acompanhando-nos com latidos e agitação variada o que provocou, por sua vez, alguma agitação nos alunos. Voltamos a encontrar alguns dos ditos cães perto da Igreja de S. Domingos onde um aluno quase sofria um ataque de uma fera... eheheh... felizmente minúscula...

Anabela Magalhães

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Centro de Recursos da Sala de História

Maqueta da Igreja de São João Baptista de Gatão
Fotografia de Antero Pereira

Centro de Recursos da Sala de História

Na semana passada, no dia 10 de abril de 2013, o Centro de Recursos da Sala de História foi enriquecido com uma oferta de três maquetas relativas ao Património Arquitetónico Amarantino. As três maquetas foram realizadas por alunos do 7ºano, do ano letivo de 2011/2012, sob a orientação do professor Antero Pereira, professor de Educação Visual (EV) na EB2,3 de Amarante, escola que nós, alunos do Clube de História, frequentamos.
As três maquetas que nos foram oferecidas representam monumentos históricos amarantinos, a saber:

- Igreja de S. Salvador de Lufrei, construída no século XIII;
- Igreja de São João Baptista de Gatão, construída no século XIII;
- Ponte Velha de Amarante ou Ponte de S.Gonçalo, construída no século XVIII, mais concretamente no ano de 1782, pelo arquiteto Carlos Amarante.

Esta postagem foi escrita por:

Carlos Andrade, nº 7;
Diogo Vaz, nº 10;
José Macedo, nº 13;
Pedro Esteves, nº 18. 

terça-feira, 2 de abril de 2013

O Barroco - A Aula do Professor Miguel Moreira

Igreja de S. Domingos - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
 
O Barroco - A Aula do Professor Miguel Moreira

É com imensa alegria que hoje publico a Aula do Professor Miguel Moreira subordinada ao tema "O Barroco". Sem mais.

O BARROCO
      Toda a expressão artística é reflexo das dinâmicas sociais e um produto mental e cultural da época histórica em que surge. O Barroco não é exceção. Iniciada nos finais do século XVI e desenvolvida ao longo dos séculos XVII e XVIII, a arte barroca surge num ambiente dominado pela consolidação das grandes monarquias absolutas, pelo movimento da contrarreforma da Igreja Católica e num mundo abalado por todo o tipo de guerras, epidemias e convulsões sociais. Neste contexto, o barroco é aproveitado tanto pelos monarcas absolutistas para valorizarem a sua imagem e ostentarem o seu poder, mandando construir imponentes e luxuosas cortes, como pela Igreja Católica empenhada em seduzir os crentes que, sobretudo nos países nórdicos, aderiam em massa ao protestantismo. A arte é, desta forma, instrumentalizada e manipulada, por papas e reis, com o objetivo de persuadir, deslumbrar e seduzir.
      Nascido em Itália, nos finais do século XVI, a partir de formas maneiristas, o Barroco rapidamente se espalhou a todos os países da Europa do sul, atingindo, também, as colónias espanholas e portuguesas da América Latina e do sul da Ásia.
      Roma, sede do Papado, representava, também, o triunfo do catolicismo face à Reforma Protestante. Com esse objetivo, o Papa Sisto V (1585-1590) criou uma cidade-espetáculo na qual a linguagem barroca respondia plenamente aos desígnios do poder papal e das orientações tridentinas. Com intervenções de arquitetos como Bernini e Barromini, as novas construções, distantes da ordem, do equilíbrio e da regularidade da composição renascentista, experimentavam jogos de massas e de espaços, formas onduladas e dinâmicas e uma decoração exuberante e cenográfica, com o único propósito de deslumbrar o observador e despertar-lhe fortes impactos emocionais.
      Apesar das diferentes interpretações que se verificaram nos diferentes países e regiões, determinadas por diferentes contextos políticos, religiosos e culturais, este estilo apresentou algumas características comuns. Assim, os arquitetos barrocos, entendendo o edifício de forma integrada, como se fosse uma grande escultura, única e indivisível, davam preferência às linhas curvas, em formas côncavas ou convexas, explorando os efeitos contrastantes de luz e de sombra, na procura do movimento e do infinito. Os portais, normalmente divididos por andares, com as suas colunas torsas ou pseudo-salomónicas, os contrastes entre cheios e vazios, os entablamentos interrompidos e irregulares, as imagens inseridas nos seus nichos, os frontões de linhas curvas e uma decoração exuberante, eram pensados e construídos no quadro de uma vivência e de uma sensibilidade vocacionadas para a teatralidade, capazes de atrair pelo olhar, de persuadir pela beleza, de emocionar e de envolver os fiéis.
      Mas foi nos interiores que o barroco mais impressionou. O Barroco, numa espécie de “horror pelo vazio”, cobriu os interiores de frescos, de telas, de mármores policromados, de esculturas, de retábulos e de talha dourada, contribuindo desta forma para a profusão da cor e para o prazer dos sentidos.
      Ora, foi precisamente a talha dourada a mais genuína e característica arte do Barroco em Portugal. Muito prolixa e exuberante, a talha revestiu altares, paredes, tetos, órgãos, púlpitos, cadeirais, balaustradas, arcos, frisos, cornijas, janelas e sanefas. A talha “forrou de ouro” as igrejas. E, “Se a Igreja é a imagem do Céu sobre a Terra, como não ornamenta-la com o que há de mais precioso?” pergunta René Huyghe, em “Sentido e Destino da Arte”.
      A talha dourada é uma técnica escultórica em que a madeira é esculpida e, posteriormente, revestida por uma fina película de ouro. A sua execução implicava a participação de vários artistas: o arquiteto, que fazia o desenho, o entalhador, que esculpia a madeira, o ensamblador, que preparava a madeira para receber o ouro e, por fim, o dourador, que aplicava o ouro.
      Depois de concluídas, as obras de talha dourada, sobretudo os retábulos, codificam uma linguagem simbólica e alegórica que ultrapassa a sua função meramente decorativa ou cenográfica e assumem um papel ativo na interação com o observador. Nesta pedagogia formal e cenográfica, o brilho e a cor do ouro desempenhavam um papel determinante, não só pelo seu impacto visual, mas especialmente pelo seu simbolismo, pois imprimiam essência divina ao espaço, numa espécie de prefiguração da esfera celestial. Um apelo mais aos meios de perceção sensorial, imaginativa e afetiva dos fiéis, do que às suas faculdades intelectuais, procurando, assim, através da eloquência das formas e das cores, envolver e persuadir sensorial e emocionalmente os fiéis, sobretudo as massas populares.
      Na evolução da talha portuguesa, podemos distinguir três fases:
      O Estilo Nacional, com retábulos compostos de uma tribuna com o seu trono piramidal, ladeado por colunas pseudo-salomónicas de fuste espiralado que sustentam arcos concêntricos. Como motivos ornamentais, quase de vulto perfeito, apresentam-se folhas de videira e cachos de uvas (alusão à Eucaristia), meninos e querubins, pequenos pássaros (fénix, símbolo da ressurreição) e folhas de acanto. Dos lados, a composição é rematada por pilastras, mísulas e outros elementos que enfatizam a estrutura retabular.
      O Estilo Joanino (a talha atinge o seu apogeu na época de D. João V), com retábulos mais elevados, baldaquinos que substituem os arcos concêntricos e colunas salomónicas. O trono mantém o lugar cimeiro, agora tratado com mais aparato. A decoração inclui novos elementos: grinaldas, palmas, conchas, medalhões, festões, volutas com cabeças de querubins e figuras angélicas ou alegóricas. Para o esquema teatral muito contribuem as imagens inseridas nos seus nichos, os atlantes na base dos retábulos, cortinados nos remates puxados por anjos, sanefas que coroam o arco cruzeiro.
      O Estilo Rocaille ou Rococó, termo de origem francesa que designava um tipo de ornamentação inspirada nas fontes e grutas artificiais dos jardins, baseada na imitação de rochas, conchas, flores e outros elementos naturais. Na talha, a sua linguagem decorativa é feita por formas flamejantes, folhas estilizadas, curvas e contracurvas, enlaçamentos de volutas, ornatos complicados e de grande requinte, inseridos num fundo com cores esbatidas a lembrar influências orientais.
      Mas o Barroco não foi apenas um estilo arquitetónico. Ele influenciou transversalmente todas as formas de expressão artística e cultural da sua época: a escultura, a pintura, o mobiliário, a literatura, a música, a dança…
      A escultura, associada à arquitetura ou à pintura, colocada isoladamente em praças e jardins, invadiu tudo, encontrando-se por todo o lado. Caracteriza-se pelo rigor da execução técnica, pela exploração das capacidades expressivas das personagens ou cenas, conseguida pela acentuação dos gestos e das expressões faciais e corporais, pela preferência de representações em movimento, pela utilização de panejamentos volumosos, agitados e decompostos, e pelo sentido cénico das obras.
      Tal como a arquitetura e a escultura, também a pintura teve como objetivo o deslumbramento, a surpresa, a encenação e a luz, integrando um “espetáculo” que se queria total. A pintura barroca jogou com as formas fluidas e ondulantes, aplicou um animado cromatismo e acentuou os contrastes de luz e sombra, aumentando a sensação de realismo. Acentuou, ainda, a sensação de profundidade, sobretudo com a técnica “trompe l’oeil”, aplicada em paredes e tetos, o que constitui uma das mais originais contribuições do Barroco.
      A literatura barroca dedicou um profundo cuidado à forma e ao virtuosismo linguístico no intuito de maravilhar e convencer o leitor, com o uso constante de figuras de linguagem e outros artifícios retóricos, como a metáfora, a elipse, a antítese, o paradoxo e a hipérbole, com grande atenção ao detalhe e à ornamentação como partes essenciais do discurso e como formas de demonstrar erudição e bom gosto.
      Expressão, por excelência, dos sentidos e das emoções intensas, foi na música, no teatro e na ópera que a cultura barroca alcançou todo o seu esplendor. O gosto pelo espetáculo, pela cenografia, pela sumptuosidade dos figurantes, pela associação da música com a dança, com o canto e com a representação dramática deram origem a um género musical tipicamente novo – a ópera.
      Concluindo, o Barroco foi, por excelência, uma arte de imagens, uma arte de cenografia, no qual todas as expressões artísticas concorrem para um único objetivo: produzir espetáculo.
Miguel Moreira, Abril de 2013
Nota - Agradecida, Miguel Moreira, por aceitares o meu desafio. O círculo está agora fechado.
Anabela Magalhães

História em Movimento - Ecos na Imprensa Local

 
História em Movimento - Ecos na Imprensa Local

A propósito de uma(s) aula(s), neste caso a primeira, da série subordinada ao Barroco, lecionada à turma do 8ºB.

Obrigada pelo destaque, João Pereira da Silva!

Anabela Magalhães

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